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Como um bicho vê

by Anna Vis

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1.
Aquela que teima (Anna Vis / Romulo Fróes) Cava Fundo Rasga a pele sem pena Queima inteira Todo o ódio por dentro Cobre Essa casca pequena Põe pra fora Mostra o dedo do Meio Já viu Tudo quer destruir A lei Do amor Sem lei Ossos de cor azul Carne Dentes de uma caveira Queira Ser aquela que teima Não, não queira Uma morte serena Partiu Rumo a tua sentença Besteira Só mais uma fogueira Ouça Vai ter que decidir Cair Lenta Mente Diz que não vai mentir Tente Imaginar a cena Você Bem no meio da praça De bandeja Tronco, pés e mãos Tronco, pés e mãos Tronco, pés e mãos
2.
Sem Vacilação 1 (Anna Vis / Mbé) lembrava que ficava sentada por horas eram gestos do devagar: a abertura das bromélias quem era ela? sabe imitar a lentidão? ficava algo na ponta dos dedos ágil por cima dos joelhos é difícil segurar os olhos fechados se movem pelas bordas da cabeça o movimento rondando ela passou você viu?
3.
Lá vou eu e nada é maior (Anna Vis / Clima) Lá vou eu no breu da Major Tudo é meu e tudo é meu Lá vou eu e nada é maior Do que eu, do que eu Só me monto e vou pro quintal Pra geral, pra geral Saio e pego em frente ao sinal Tô na Major, tô na General Esse eu conheço: Um passo em falso Um passo em falso eu morro ali Conheço tão bem Um passo em falso eu morro ali E quando ele vem Eu monto um falso álibi Mas quando não vem Eu calço um par de botas Roxas e caço um Lá vou eu no breu da Major Tudo é meu e tudo é meu Lá vou eu e nada é maior Do que eu, do que eu Só me monto e vou pro quintal Pra geral, pra geral Saio e pego em frente ao sinal Tô na Major, tô na General Risco o asfalto e vou
4.
Sem Vacilação 2 (Anna Vis/ Mbé) primeiro passo é tomar conta do espaço do dentro, por dentro não vinha nada ensaiava o gesto e ele despedaçava as paredes refletiam minha dureza amplificando aos quadrados m’artificiando eu concreta e fora de mim é grande extensão tão longa às vezes num bumerangue outras, flecha no ar virando sem alvos
5.
Água com gás (Alice Coutinho/ Anna Vis) Um beijo tu dará Um beijo de delicadeza Um seio tu dará Um seio da natureza Um verbo tu dirá Um verbo de certa beleza Um talvez um Amor um Um prazer um Um fim feliz Um fim Um amor um Um prazer um Um fim Com choro Mas feliz o fim Um beijo de confissão Pergunto se sou sã, sou Um blues do Djavan Será que é o tal, tão Escolhe um novo amor E uma água com gás
6.
De cara 03:02
De cara (Anna Vis/ Clima) O Cara tá De chapéu Panamá Sem anel De colar A cara tapa ele dá Ele dá O cara vem Como quem Quer chefar Sem entregar De cara eu fico por lá Devagar O cara fez Que não viu De perfil Bem pinéu Bipolar Tapou a cara e seguiu Preferiu O cara riu Só fingiu E fugiu Pera lá Tem cara que não sabe chegar Que é que há? Cara que passa cheio de graça Que passa se acha lindo Na praia de Panamá Cara pipoca nem para cara Não fala me encara rindo Com a boca de quem não tá Para Nada que passa que venha vindo Que olhe na sua cara Com cara de quem será Porra Cara repara que tá na cara Prepara que eu tô na área No páreo pra disparar Pá! Pá! Pá!
7.
Sem Vacilação 3 (Anna Vis/ Mbé) mão no chão unha de terra manha de fera grave por baixo dezessete metros de onda reverberam fundo ao sul da floresta era ninguém só vento vento-alguém? era bruto sem leveza de brisa rápido, era ventania espadas abrindo fendas cheiro de chuvarada os estrondos agarram meu corpo como manada minha forma muda muta começa pela nuca e cai pro tórax escorrega voando nos braços meus cabelos vão(s) sozinhos o(n)deiam
8.
Mil Noites 03:21
Mil Noites (Anna Vis / Clima) Eu durmo tão mal porque Eu quero uma noite com você Só quero uma noite com você Depois dessa noite a gente vê Pulsa na veia Gosto de damasco e mel A noite inteira Você eu Mil noites Eu digo e você cadê? Eu quero uma noite com você Só quero uma noite com você Depois dessa noite a gente vê Pousa na areia Meu tapete voador Essa noite fria queima No deserto do amor Mil noites
9.
Sem Vacilação 4 (Anna Vis) quem era? eu não. outra. eu vi. Tribunal da Rosa (Morris/ Anna Vis) Tribunal vai começar Convocar no breu mais de um milhão Vai posar de herói, gritar Tribunal vai gargalhar rá rá Anda Marcha Não tem volta Tribunal vai confundir Vai vingar vai perdoar voltar De joelhos condenar Tribunal vai vomitar matar A primeira tombou Uma rosa nasceu Eu vi Tribunal vai derreter Vai vazar no rádio e na TV Vai fingir que vai pirar Tribunal quimera vai queimar Corre Vira Tribunal vai decidir Vai comemorar mais uma vez A segunda tombou Eu Vi Era Rosa Era Rosa Era Rosa Era Rosa
10.
Sem Vacilação 5 (Anna Vis / Mbé) - nossa língua parece não ter pronome pra… Ela passou. você viu? lembrava do cheiro de tarde quando os pássaros avisavam pra levantar ensaiava e saía dando voltas aqui mesmo esse era o lugar dela uma vez, me contou que vinha um algo vivo sussurrar nas beiradas do ouvido ao pé do lembra? contava pra qualquer um algo vivo rondando esparramando espaços com espadas era o estrondo às vezes me esqueço algo vivo circula e remonta meu corpo ela: isso vinha vindo sssssssss sobrando ssssssssss salta sssssssssssss saí sozinha sssssssss saindo ssssssssss ela: isso quem era? saindo assim: ua ua ua ua
11.
Eleito Leitor (Anna Vis/ Marcelo Cabral) Se 
 estamos nós íntimos sozinhos
 te abrindo exponho
 cartas na nossa cara
 cansada à
 cara oculta 

 Tudo que não escolhi 
 saindo pelo seu corpo
 Lábio Léxico
 Lendo Lento
 No limite
 nós
 nos espera a morte
 lhe amarro a língua
 pela lateral
 da 
 minha Tudo que não escolhi 
 saindo pelo seu corpo
 Lábio Sexo
 Lendo Lento
12.
Sem Vacilação 6 (Anna Vis/ Mbé) como foi que eu contei? disse algo sobre algo vivo sob a cabeça quem? um movimento algo como… um pouco de… ela fazia assim: enquanto lembrava ela sim conheceu eu não conheci algo como algo vivo vindo vento indo vulto Você viu? sssssssssssim Contava em gestos não entendia e é bem por isso que me esqueço algo só com os olhos vivia e se movimentava a cabeça inclinada e muita fumaça algo vivo entre os dedos no espaço entre o espaço vazio é espaço dela qualquer nas entranhas das madeiras estalava imprevisível trotando feito cavala às vezes cinza podia voar pelando afundava a terra quando fumaça, já era outra Nessa horas, os óleos brilhando, laranjas chispavam algo vivo craquelo o corpo algo vivo queimando meu tronco impulso do oxigênio consumida pelo fogo desde dentro em torno do em torno do em torno do posso procurar dentro disso ou pelas costas dessa rua ela apagava quando vinha pra cidade atropelada algo morto por todo lado tinha disso de sair na alvorada procurando pedras Quando vinha, não ensaiava lembro de ficar entre vidraças algo morto eu conhecia desde novinha coisa de corre e cór na boca ou no estômago
13.
Vitalina meia Vida (Anna Vis/ Juliana Perdigão) Veio do porto com o marido já morto chegou direto no luto vestida toda de preto tirou as madeixas postiças enrolou seu cabelo primeiro muda labuta só de sozinha ele disse que vinha, só disse que vinha Ele tinha duas vidas Escolheu uma pra matar ela não sabia ela não chegou a tempo de enterrar cuida da casa do cara tapa os buracos que dá muda labuta só de sozinha ele disse que vinha, só disse que vinha Cai um teco do teto de cimento põe a mão no corte e os olhos ao mesmo tempo em cima não tem ninguém mais passos à toa no chão o corte ecoa divide a vida que tem muda labuta só de sozinha ele disse que vinha, só disse que vinha
14.
Estrangeira 03:07
Estrangeira (Anna Vis/ Romulo Fróes) Vai Saia, saia! Vai Caia fora! Vai sem pena Vai sem glória Sim.. Eu já sei esse dia não vai Melhorar .. Melhorar (desista mesmo) Não vou me enganar mais Olhar a beleza e não Encontrar Seu olhar Não Nem que essa cara fechada retome aquele azul Mesmo azul Brilhava nos olhos Antes do céu fechar Na manhã Desse amor Vai Saia, saia! Vai Caia fora! Vai sem pena Vai sem glória Não vou mais aturar Essa falta de ar Nem morder a língua Que não é a minha Já Faz muito tempo eu sou Estrangeira Por inteira Na minha trincheira Não vou ser mais refém De você De ninguém Ah Nem que uma nova estrela me queira pra iluminar Não vai dar Não vou me apagar não Eu vi a escuridão Escolhi o sol Vai Saia, saia! Vai Caia fora! Vai sem pena Vai sem glória Não vou mais aturar Essa falta de ar Nem morder a língua Que não é a minha
15.
Sem Vacilação 7 (Anna Vis/ Mbé) Dizia que era importante sair antes do sol pra ver as madeiras brilharem Nesses dias, vestia o fogo e caminhava por cima do vale era um pulso ritmado um talactac estralando por de dentro via a força que tinha por o vento ssssssssss quebrando o corpo todo poderia imitar a talvez se pudesse Algo vivo por baixo da terra se movimenta devagar quente desde o centro e mmmmmã meu medo era mmmmmmmmã Lembra? mar de fogo a coluna dela vibrava quebrando o corpo todo bem no meio a coluna pegando fogo trocava de temperatura queimando o osso eu fiquei de longe atordoada
16.
Calada 03:56
Calada (Clima/Anna Vis) Da crisálida de chumbo nascerá lá do fundo mais um mundo sem você Vi como um bicho vê como é sem vacilação Eu vi não posso explicar não posso mais calada paro por aqui Vou no sol tudo é mundo é grande de se perder Esse céu azul esse nada que me faz tão bem
17.
Sem Vacilação 8 (Anna Vis/ Mbé) via brilhante subindo seca queimando troncos subindo seca os olhos acesos via brilhante, abertos subindo era ela pela calçada? quem era? Algo vivo na estrada
18.
Espantalho sem espelho (Anna Vis/ Romulo Fróes) Deita deita mais um Pá pá pá tum desce o dedo e pá pum Pá pá pá Não mira ê Dispara ê Primeira ê Na cara ê ê êi … (interjeição chamando a atenção do ouvinte) Tum O som da morte comum Pá pá pá Tum Tomba o homem nenhum Pá pá pá Bandeira ê Queimada Madrugada Sem estrela Não tem fome nem Nem gosto ruim tem Nem corpo, nem casa, nem povo, nem pedra do rim tem Pra onde levam tanta dor? Como se nunca tivessem morrido Nem feito ninguém chorar Lava o chão vermelho ninguém sabe o nome Espantalho sem espelho É só mais um Deita, deita mais um Pá, pá, pá Tum Desce o dedo e pá pum pá, pá, pá
19.
Sem Vacilação 9 (Anna Vis/ Mbé) Confirmar o círculo com os pés. Pensava com os pés um movimento de quem cava outro de quem abre o buraco no chão é de terra e volta por detrás algo entre as coxas e a lombar. algo entre a garganta e o nariz. pensava com os pés e os joelhos ajudavam um apoio mole-duro vinha com força-delicadeza "Sempre que penso em você danço até a ressurreição do tempo" enrolada no chão circulava girava girava mordia a ficava em um pé só e descia inteira Por cima das coxas a impressão da boca Depois, os dentes caíram todos mas os pés continuavam circulando ainda que trincada tr tr tr tr Descendo inteira tr tr tr tr Depois, parecia que virava rocha preenchendo bem os espaços entre como se tivesse sedimentado. Depois era o sal. tr tr rangia mais, onde antes o que? Algo vivo possuía toda e ocupava como uma invenção ela disse Trava mais tarde só depois. Agora não parava de acontecer voltando sem ter ido tramando tr tr tr Descia num sem fim do mundo vinha voltando sem ter Agora não. De dentro vem vindo uma força lenta e por vezes erupciona densa a terra quando se encontra com algo vivo se movimentando dentro negro e vermelho entre tr e mmm tem barulho de mar Ela chegava a corar na altura do pescoço Me contou muitas vezes dos teares por de baixo veios de fogo e seiva fluxo firme Com quem falava nessas voltas? Quando saía pra caminhar Dando voltas e as casas no centro era paixão dela ser outro Disse: "tudo o que existe respira e exala um finíssimo resplendor de energia" Como é? Não parava de perder a direção Algo se movimentava sem seu comando Algo vivo em cima da coxa debaixo da terra sem vacilação apontava o movimento
20.
Um moribundo 02:37
Um Moribundo (Anna Vis / Romulo Fróes) Sem saber se era de verdade eu quis Sem poder querer saber fazer eu fiz Quem me disse isso já fugiu Um silêncio que ninguém ouviu Olhou nos olhos que se viu Mentiu na cara que cuspiu Pus um céu em cima da cabeça e fui Quis furar um olho mas não este aqui Quis virar o corpo sem mexer Prender nos dentes sem comer Criar um mundo sem você Sem paz, amor e sem buquê Arrancar o mato sem chegar ao fim Conservar o pelo verde do capim Não ser bicho, planta, nem mulher Ser aquilo que ninguém mais quer Fingir o que eu não quero ser Perder a chance de dizer Uma palavra Debaixo da pele Da lâmina fria Escapa da minha tv Não dá pra ver Mas vai morrer Sem beleza É você Mais de cem mil Quase um milhão Sem parar Uma nação De nenhum lugar Mortos no chão Mesmo que não São você Um moribundo O vermelho seco da palavra Deus O amarelo ouro da palavra pus O azul no fogo do pavio Sorriu pra quem se distraiu Jogou teu corpo nesse rio Sentiu na carne o arrepio Bumbo, caixa, prato, frigideira e bis Osso, vidro, sol, porta-bandeira e giz Qualquer coisa para ser feliz Bombom de prata no nariz Cortar o mal pela raiz A boca torta que não diz Uma palavra Debaixo da pele Da lâmina fria Escapa da minha tv Não dá pra ver Mas vai morrer Sem beleza É você Mais de cem mil Quase um milhão Sem parar Uma nação De nenhum lugar Um moribundo

credits

released March 2, 2023

Voz e Violão: Anna Vis
Baixo elétrico, Synth Bass e Synths: Marcelo Cabral
Bateria, Percussões e Synths: Maurício Takara
Paisagens sonoras dos poemas: Mbé
FX voz dos poemas "Sem Vacilação" 1, 6 e 7: Maurício Takara
FX voz dos poemas "Sem Vacilação" 2, 3, 5, 8 e 9: Mbé
Intérprete dos poemas "Sem Vacilação": Anna Vis nos poemas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, Juçara Marçal no poema 8
Improvisos de voz nos poemas "Sem Vacilação": Anna Vis no poema 5, Ná Ozzeti e Juçara Marçal no poema 6
Participações: Juçara Marçal nas faixas 9 e 18 ; Ná Ozzeti na faixa 8 ; Juliana Perdigão na faixa
13 ; Rômulo Fróes na faixa 20 ; Clima na faixa 16
Composições no violão: por Anna Vis exceto nas faixas 13 por Juliana perdigão e 11 por
Marcelo Cabral
Letras: Rômulo Fróes nas faixas 1, 14, 18 e 20; Clima nas faixas 3, 6, 8 e 16; Alice Coutinho na
faixa 5, Morris na faixa 9, Anna Vis nas faixas 11 e 13
Preparador e arranjador de voz para as canções: Wagner Barbosa
Preparadora de voz para os poemas "Sem Vacilação": Karen Menatti
Poemas escritos por: Anna Vis
Produtores Musicais e Arranjadores: Anna Vis, Marcelo Cabral e Maurício Takara
Diretor Artístico: Rômulo Fróes
Gravadora: YB Music
Engenheiros de gravação: Anna Vis e Carlos “Cacá" Lima nos estúdios YB Music - SP
Mix e Master: Carlos “Cacá” Lima nos estúdios YB Music - SP
Mix e Master dos poemas: Anna Vis e Mbé nos estúdios YB Music - SP
A&R: Maurício Tagliari
Label Manager: Benoni

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Anna Vis São Paulo, Brazil

Compositora, cantora, violonista, poeta, astróloga e engenheira de som, Anna Vis publicou seu primeiro livro de poesias em Abril de 2019 pela Editora Primata chamado “Máquina Orgânica”. Iniciando sua carreira profissional como musicista em 2019, vem produzindo o disco “Como um bicho vê" Atua como improvisadora vocal no circuito de música experimental em São Paulo. ... more

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